terça-feira, setembro 13, 2005

Toru e Midori - people are strange when you're a stranger

-Sabe aquele domingo que você foi à minha casa e me beijou? - perguntou Midori. - Eu pensei bem e cheguei à conclusão de que o seu beijo foi excelente.
-Melhor assim.
-"Melhor assim" - arremedou midori. - Seu modo de falar é mesmo esquisito, sabia?
-Será mesmo? - duvidei
-De qualquer forma, pensei naquela hora como seria maravilhoso se aquele fosse o primeiro beijo que eu tivesse dado num homem em toda minha vida. Se tivesse o poder de reverter a ordem dos acontecimentos, eu faria dele o meu primeiro beijo. Sem sombra de dúvida. E viveria todo o resto dos meus dias pensando alguma coisa assim: o que Toru, o homem que me beijou pela primeira vez na vida, estaria fazendo agora? Isso mesmo aos 58 anos de idade. Não seria fantástico?
-Deve ser - falei removendo a casca de um pistache.


(...) duas páginas e 2 vodca-tônicas depois (...)


-Ei, Toru, sabe o que eu gostaria de fazer agora?
-Nem imagino.
-Primeiro, me refestelar numa cama grande e fofa - disse Midori. - De bem com a vida, bêbada, nenhuma bosta de jumento ao redor, e você estirado ao meu lado. Aos poucos, você tira a minha roupa. Muito delicadamente. Devagar, do jeito que uma mãe tira a roupa de uma criança.
-Hum - falei.
-Até certo ponto eu me sinto bem e meu pensamento vagueia. mas de repente eu me dou conta do que está acontecendo e grito: "Não faça isso, Toru!" E digo: "Eu gosto de você, mas há outra pessoa agora na minha vida. É impossível! Você bem sabe como eu sou convencional para essas coisas. Por isso, pare, por favor." Mas nada de você parar.
-É claro que eu pararia.
-Eu sei. Não ligue, é só uma fantasia - explicou Midori. - E então você me mostra aquilo. Totalmente duro. Eu cubro imediatamente os olhos, mas mesmo assim o vejo por uma fração de segundo. "Não, por favor, essa coisa dura e grande nunca vai entrar em mim", digo.
-Não é assim tão grande. É de tamanho normal, se quer saber.
-Não estrague minha fantasia. Então, seu semblante se entristece por completo. Você parece tão infeliz que eu tento consolá-lo. "Tadinho, não fique assim."
-Está me dizendo que é isso que você quer fazer agora?
-Isso mesmo.
-Ó Deus - suspirei.


(...) uma página e mais 3 vodca-tônicas depois (...)


-Sabe o que eu gostaria que acontecesse agora? - perguntou-me Midori na hora de nos separarmos.
-Não faço a mínima idéia do que se passa pela sua cabeça - respondi.
-Quero que você e eu sejamos capturados por piratas. Eles nos despiriam e nos poriam de frente um para o outro, nus, amarrados com cordas.
-Por que fariam isso?
-Porque são um bando de pervertidos.
-Você me parece mais pervertida do que eles - falei.
-Eles nos abandonariam no porão do navio, dizendo para nos divertirmos amarrados daquele jeito, pois voltariam uma hora depois para nos jogar no mar.
-E então?
-Então nós nos divertiríamos por uma hora. Rolando pelo chão, nos contorcendo um em cima do outro.
-É isso o que você mais quer fazer neste momento?
-Isso.
-Ó Deus - falei sacudindo a cabeça.

in MURAKAMI, Haruki. Norwegian Wood. pp. 210 a 215

3 comentários:

Anonymous Anônimo disse...

q maaaaaaassa :D hahaha quero ler agora :P beeeeijos

setembro 13, 2005 12:53 AM  
Blogger Thiago disse...

Mulheres!! hehehehehe

setembro 14, 2005 3:09 PM  
Anonymous Anônimo disse...

ora mulheres :P

setembro 15, 2005 1:55 AM  

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